quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Ela se chamava Beatriz. Ela encontrou seu namorado em um final de tarde de sexta feira. Era fim de outono. Ela se preparou para o encontro. Não queria se arrumar demais, pois pensava que o amor é um sentimento muito valorizado pelas pessoas, e ela não queria seguir a maioria. Escondia, em suas roupas comuns, toda a animação que estava sentindo. 
Ela chegou cedo no local. Ele, como sempre, atrasou um pouco. Mas nada que a impedisse de olhá-lo com carinho e dar um beijo nele com amor. Ele a olhou... e ele sabia que ela era apaixonada por seu olhar. Ele deu um segundo beijo nela. Ela suspirou e fechou os olhos e quando os abriu, ele estava se despedindo de longe. O namoro havia terminado. Ela ficou sem entender o que aconteceu... e o que tinha levado o seu amor a partir. Mas seguiu em frente, não respondeu a despedida, e foi embora pelo caminho oposto.
Tentou explicar pra si mesma, várias vezes, o que tinha acontecido. Ela sempre fazia isso para tentar se conformar. Mas quanto mais ela tentava, mais inconformada ficava. As coisas haviam saído de seu controle. Sempre que parava, pensava nele. Sempre que abria a boca, falava nele. As pessoas achavam tudo aquilo chato: o fato dela não esquecê-lo. No entanto, ninguém entendia o quanto ela se esforçava pra tirá-lo de sua cabeça. 
Ela nunca mais usou a roupa daquele dia. Nunca mais gostou de sextas feiras. Não gostou mais de outono, a estação que ela mais amava. Ela sempre tentava gostar daquilo que ninguém percebia. E pra ela, o outono era a estação que as folhas caiam, e se assemelhava aos seres humanos: há uma fase na vida em que as máscaras caem, as experiências se tornam velha, é preciso abandonar o que passou. Ela então abriu os olhos e caiu na real. As lembranças fariam parte dela pra sempre, é a junção de momentos que faz uma pessoa ser o que ela é. É preciso abandonar as coisas velhas, como a árvore faz com as folhas no outono, entretanto, não podemos esquecê-las jamais. 
Beatriz então conheceu a pessoa que ela mais amaria no mundo e que sem ela não teria conseguido nada nessa vida: a mulher que existe dentro dela. Essa mulher amadureceu. Era CHEIA de defeitos, e sabia disso, mas suas qualidades eram tão intensas, que as pessoas sempre se aproximavam dela. Ela se tornou independente. E, por incrível que pareça, quanto mais isso acontecia, mais ela acreditava no amor: no amor a si próprio, no amor a vida, no amor à família, aos amigos, aos seus sorrisos para o nada... para aquilo que fazia seu coração pulsar.
Beatriz é feliz. Beatriz vive todo dia... e me faz feliz!

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